14ª Semana do Tempo Comum - 2ª Semana do Saltério
Prefácio próprio - Ofício da Solenidade - Glória e Creio
Cor: Vermelho - Ano “C” Lucas
Antífona: Eis os santos que, vivendo neste mundo,
plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se
tornaram amigos de Deus.
Oração do Dia: Ó Deus, que hoje nos concedeis a alegria de festejar São Pedro e
São Paulo, concedei à vossa Igreja seguir em tudo os ensinamentos destes
Apóstolos que nos deram as primícias da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Atos dos Apóstolos
12,1-11
Naqueles dias, o rei Herodes prendeu alguns membros da
Igreja para torturá-los. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João. E, vendo
que isso agradava aos judeus, mandou também prender a Pedro. Eram os dias dos
Pães ázimos. “Depois de prender Pedro, Herodes colocou-o na prisão, guardado
por quatro grupos de soldados, com quatro soldados cada um. Herodes tinha a
intenção de apresentá-lo ao povo, depois da festa da Páscoa.
Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava
continuamente a Deus por ele.
Herodes estava para apresentá-lo. Naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois
soldados, preso com duas correntes; e os guardas vigiavam a porta da prisão.
Eis que apareceu o anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela. O anjo tocou o
ombro de Pedro, acordou-o e disse: “Levanta-te depressa!” As correntes
caíram-lhe das mãos.
O anjo continuou: “Coloca o cinto e calça tuas sandálias!”
Pedro obedeceu e o anjo lhe disse: “Põe tua capa e vem comigo!” Pedro
acompanhou-o, e não sabia que era realidade o que estava acontecendo por meio
do anjo, pois pensava que aquilo era uma visão. Depois de passarem pela
primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade.
O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua e logo depois o
anjo o deixou. Então Pedro caiu em si e disse: “Agora sei, de fato, que o
Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o
povo judeu esperava!” - Palavra do Senhor.
Comentário: Os Atos dos Apóstolos nos dão
uma informação que se tornara uma prática comum do império romano em relação
aos cristãos: os discípulos são martirizados, mortos pela espada ou
encarcerados, o que agradava aos judeus (v. 3). Pedro, preso pela terceira vez
por ordem de Herodes Agripa I, esperava o momento de sua morte, possivelmente
após a festa da Páscoa. Era noite. Um anjo do Senhor, isto é, Deus mesmo, vem
ao seu encontro. Miraculosamente, as correntes se rompem e as portas se abrem.
Pedro, iluminado por uma luz, é convocado a pôr-se de pé, vestir-se e calçar as
sandálias. Nesse episódio, destacam-se algumas relações simbólicas. Pedro havia
negado Jesus três vezes (Mt 26,69-75) e, outras três, sido interrogado por ele
sobre se o amava (Jo 21,14-17); aqui se repete três vezes a informação de sua
prisão por anunciar Jesus ressuscitado. O número três nos remete à manifestação
de fé judaica do Shemá Israel de Dt 6,4-9: “Escuta, ó Israel, amarás o Senhor,
teu Deus, com todo o teu coração, teu ser e tuas posses (cf. Faria, 2001, p.
52). A luz é a presença de Deus, outrora manifestada no Sinai. O anjo é também
a presença de Deus, que, tendo salvado seu Filho da morte, fez o mesmo com
Pedro. O anjo convida Pedro a assumir a postura de missionário: levantar-se,
cingir-se e partir. Portas fechadas serão abertas, apesar dos inúmeros guardas
presentes. A comunidade, que se mantinha unida na fé, percebe a ação de Deus
que caminha com ela. Pedro é exemplo de fé e de esperança para todos. Depois
desses eventos, Lucas e a comunidade de Atos silenciam sobre a vida de Pedro.
Os capítulos seguintes tratarão de outro grande apóstolo, Paulo. Assim, os Atos
dos Apóstolos narram atos de Pedro e Paulo mais que dos apóstolos, como sugere
o título do livro. Fato que também comprova a importância colossal dessas duas
personagens primevas do cristianismo. (Frei Jacir de Freitas Faria, ofm, Vida
Pastoral nº 278 ©Paulus 2011)
Salmo: 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9
(R. 5)
De todos os
temores me livrou o Senhor Deus
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que
ouçam os humildes e se alegrem!
Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome! Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu,
e de todos os temores me livrou.
Contemplai a sua face e alegrai-vos, e
vosso rosto não se cubra de vergonha! Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.
O anjo do Senhor vem acampar ao redor
dos que o temem, e os salva. Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem
que tem nele o seu refúgio!
Segunda Leitura: Segunda Carta de São
Paulo a Timóteo 4,6-8.17-18
Caríssimo, quanto a
mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de
minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora
está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará
naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a
sua manifestação gloriosa.
Mas o Senhor esteve
a meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim
integralmente, e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do
leão. O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste.
A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém. - Palavra do Senhor.
Comentário: Essa leitura é uma das
páginas de rara beleza literária da Bíblia. Paulo, assim como Pedro, tem
consciência de que sua hora está chegando. Sabedor disso, afirma: “Combati o
bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé” (v. 7). Paulo sabe que,
assim como o mestre, que foi abandonado diante dos tribunais (Mt 26,31), ele
deveria perdoar a todos (v. 16). E, além disso, testemunhar o Ressuscitado a
todos os povos (v. 17b). A imagem simbólica de um Paulo esportista é fenomenal.
Paulo, “o pequeno”, foi um lutador na fé. Ele caminha para a morte, para o
martírio, sabendo que o mesmo Senhor Jesus, que sempre esteve ao seu lado, o
salvará e o levará para a glória do seu reino celestial (vv. 17-18). A coroa de
sua vitória olímpica é outra, a da justiça e da imortalidade. Paulo tornou-se
um atleta imortal do Ressuscitado, jamais esquecido pelos guerreiros cristãos
de ontem e de hoje. Um símbolo que permanece vivo no meio de nós. (Frei Jacir
de Freitas Faria, ofm, Vida Pastoral nº 278 ©Paulus 2011)
Evangelho de Jesus
Cristo segundo Mateus 16,13-19
Jesus foi à região de Cesareia
de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o
Filho do Homem?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que
é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”.
Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem
dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias,
o Filho do Deus vivo”.
Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas,
porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no
céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a
minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves
do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o
que tu desligares na terra será desligado nos céus”. - Palavra da Salvação.
Comentários:
A
missão de liderança confiada a Pedro exigiu dele uma explicitação de sua fé.
Antes de assumir o papel de guia da comunidade, foi preciso deixar claro seu
pensamento a respeito de Jesus, de forma a prevenir futuros desvios. Se tivesse
Jesus na conta de um messias puramente humano, correria o risco de transformar
a comunidade numa espécie de grupo guerrilheiro, disposto a impor o Reino de
Deus a ferro e fogo. A violência seria o caminho escolhido para fazer o Reino
acontecer. Se o considerasse um dos antigos profetas reencarnados,
transformaria a Boa-Nova do Reino numa proclamação apocalíptica do fim do
mundo, impondo medo e terror. De fato, pensava-se que, no final dos tempos,
muitos profetas do passado haveriam de reaparecer. Se a fé de Pedro fosse
imprecisa, não sabendo bem a quem havia confiado a sua vida, correria o risco
de proclamar uma mensagem insossa, e levar a comunidade a ser como um sal que
perdeu seu sabor, ou uma luz posta no lugar indevido. Só depois que Pedro
professou sua fé em Jesus, como o “Messias, o Filho do Deus vivo”, foi-lhe
confiada a tarefa de ser “pedra” sobre a qual seria construída a comunidade dos
discípulos: a sua Igreja. Entre muitos percalços, esse apóstolo deu provas de
sua adesão a Jesus, selando o seu testemunho com a própria vida, demonstração
suprema de sua fé. Portanto, sua missão foi levada até o fim. (Padre Jaldemir
Vitório/Jesuíta)
O
evangelho de hoje se inicia com uma pergunta de Jesus sobre o que o povo
pensava sobre ele e termina com Pedro sendo instituído como liderança,
referência para a Igreja primitiva. Em Cesareia de Filipe, longe do poder
político e econômico, Jesus lança a pergunta: “Quem sou para o povo e para
vocês, meus discípulos?” O povo, respondem os discípulos, diz que tu és João
Batista, Elias, Jeremias ou um dos profetas. Ao que Pedro, de forma
contundente, toma a palavra e lhe diz: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”
(v. 16). Essas opiniões eram importantes para Jesus e para a comunidade de
Mateus, que, ao escrever o seu evangelho, via nelas um dos pontos cruciais de
sua narrativa: a messianidade de Jesus. Ademais, elas demonstram a relação
entre Jesus e a tradição de Israel. A menção ao profeta Elias revela a
importância dele para os judeus. Segundo a tradição, ele, após ter ido ao céu
em um carro de fogo (2Rs 2,1-18), voltaria. Na celebração do jantar de Páscoa,
os judeus reservam-lhe um lugar especial. No final, solenemente, a porta da
casa é aberta para receber Elias no convívio familiar. A novidade, no entanto,
é a resposta de Pedro. A convivência com o mestre lhe deu a certeza de ser ele
o Messias, o Cristo, o ungido, o Filho de Deus vivo (v. 16). Da resposta de
Pedro emergem outras relações simbólicas: ele recebe as chaves do reino; é
confirmado como liderança do grupo; é chamado de pedra e gruta, sob e sobre a
qual seria edificada a Igreja, a comunidade que nasceria do seu seguimento.
Analisemos este último simbolismo. Jesus lhe diz: “Tu és Kepha (Cefas), e sobre
ela edificarei a minha Igreja”. Qual é o significado das palavras de Jesus a
Pedro, ao referir-se ao seu nome como pedra, em aramaico Kepha? Esse substantivo
não teria também outra significação? Vejamos. Naquele tempo, o povo tinha o
costume de escavar as rochas para daí tirar pedras para construir casas. Os
buracos formados nas rochas recebiam, na língua familiar, o aramaico, o nome de
Kepha. Daí que Kepha pode ser também entendido como gruta escavada na rocha.
Aos pobres restava o infortúnio de morar nessas cavernas ou grutas. Kepha
traduz também o substantivo grego Pétros (Pedro). Então Pedro não significa
pedra? Sim, mas, tomado no sentido anterior, pode significar gruta escavada na
rocha. Desse modo, Jesus, então, teria dito a Pedro: “Tu és gruta escavada na
rocha, e sob essa gruta, onde vivem os pobres, aí edificarei a minha Igreja”
(cf. Faria, 2010b, p. 28-31). Considerando o que foi dito acima, há espaço para
duas afirmações hermenêuticas plausíveis: a) Pedro representa a rocha, a pedra
da nova comunidade de fé, que sabe quem é Jesus e quer anunciá-lo e
vivenciá-lo, tendo Pedro como seu líder; b) Pedro é a Igreja dos pobres que
vivem nas grutas de ontem e nas favelas e barracos de hoje, lugar onde a Igreja
deveria estar mais presente, mas, infelizmente, do qual está cada vez mais se
distanciando. Outras Igrejas proliferam porque não somos capazes de dar
respostas aos problemas da pós-modernidade. Não que elas também saibam, mas,
pelo menos, estão mais próximas dos empobrecidos, na vivência de seus problemas
econômicos e existenciais, mesmo que, muitas vezes, tirando proveito da
situação. Pedro tem as chaves que abrem portas e ligam todos com o Eterno, o divino.
Mais tarde, as comunidades entenderam que a liderança de Pedro foi repassada
para aqueles que o sucederam, os quais receberam o nome de bispo. Destaque para
o de Roma, que se tornou também papa, chefe da Igreja Católica (universal),
apostólica e romana. Nisso tudo, o simbólico se torna real e o real se alimenta
do simbólico. (Frei Jacir de Freitas Faria, ofm, Vida Pastoral nº 278 ©Paulus
2011)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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