Primeira Leitura: Atos dos
Apóstolos 12,1-11

1-2 «Herodes»: é Herodes Agripa I, o terceiro monarca do
mesmo nome a ser nomeado no NT; era filho da Aristóbulo e sobrinho de Herodes
Antipas (o que mandara matar o Batista) e neto de Herodes, o Grande (o da
construção do Templo e da matança dos inocentes). Depois de uma vida libertina
em Roma, obteve o favor de Calígula, vindo a poder usar o título de rei dum
território quase tão grande como o do avô, apresentando-se muito zeloso da
religiosidade judaica. «Tiago» é o filho de Zebedeu e Salomé, irmão do Apóstolo
João evangelista. O seu martírio deve ter sido um ano ou dois após a tomada de
posse de Herodes, a qual se deu no ano 41.
4-6 «Guarda de 4 piquetes de 4 soldados»: note-se o
contraste entre a severidade da segurança e a serenidade de Pedro que dorme;
cada piquete correspondia a uma das quatro vigílias da noite; Pedro «dormia
entre dois soldados», com uma das mãos atada à mão de um soldado e a outra à do
outro, enquanto «a Igreja orava instantemente a Deus por ele» (belo fundamento
bíblico da oração assídua pelo Papa).
7-10 A intervenção libertadora do «Anjo do Senhor» já tinha
sido assinalada em semelhante circunstância (cf. Act 5,18-19); esta está na
linha da fé da Igreja na proteção dos anjos da guarda, conforme lembra o
Catecismo da Igreja Católica, nº 336: «Desde a infância até à morte, a vida
humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão…».
Segunda Leitura: Segunda
Carta de São Paulo a Timóteo 4,6-8.17-18
S. Paulo sentia que se aproximava a data do seu martírio.
Sentia-se feliz porque tinha combatido o bom combate de Jesus, anunciando por
toda a parte o Seu Evangelho.
A leitura é um extrato da parte final da Carta, em que o
Paulo, pressentindo a morte iminente, faz como que um balanço da sua vida toda
devotada à causa da Boa Nova. Consideramos o escrito dotado de autenticidade
criticamente segura, não obstante uma certa tendência negativa mesmo entre
diversos autores católicos. De facto aqui, como noutros pontos das Cartas
Pastorais, observam-se pormenores biográficos de tal maneira vivos, concretos e
coerentes, que não se podem atribuir a um falsário. Há quem pense na
intervenção dum secretário diferente dos habituais, que muito bem poderia ter
sido o seu discípulo e companheiro (cf. v. 11) no segundo cativeiro romano,
Lucas (Spicq).
6-7 «Já estou oferecido em libação», isto é, «sinto que a
morte se avizinha»; é uma linguagem que bem pode proceder do costume, referido
por Tácito, de se fazerem libações por ocasião da morte de alguém. «Combati o
bom combate»: São Paulo sempre gostou de comparar a vida cristã e as lides
apostólicas a lutas desportivas, pugilismo, corridas… (cf. Filp 2,16; 3, 2-14;
1Cor 9,24-26; Gal 2,2); «terminei a minha carreira», à letra, corrida.
17 «A mensagem… fosse proclamada a todos…» Pensa-se haver
aqui uma referência a algum testemunho público nalguma audiência do tribunal
perante grande multidão. «Fui libertado da boca do leão», o que não significa
forçosamente que estivesse para ser lançado às feras, mas simplesmente o
adiamento da condenação à pena capital, talvez para se proceder a melhor estudo
da causa, em face do surpreendente testemunho do heroico pregador do Evangelho,
que teria deixado os seus juízes perplexos…
Evangelho de Jesus Cristo
segundo Mateus 16,13-19
O texto da leitura consta de duas partes distintas, mas
intimamente ligadas: a confissão de fé de Pedro (vv. 13-16), comum a Marcos 8,27-30
e a Lucas 9, 18-21 (cf. Jo 6,67-71), e a promessa feita a Pedro (vv. 17-19), exclusiva
de Mateus (cf. Jo 21,15,23).
13 «Cesareia de Filipe» era a cidade construída por Filipe,
filho de Herodes, o Grande, em honra do César romano, nas faldas do Monte
Hermon, a uns 40 quilômetros a Nordeste do Lago de Genesaré.
13-17 «Quem dizem os homens… E vós, quem dizeis que Eu sou?»
É uma pergunta que, em face de Jesus – uma pessoa tão singular, surpreendente e
apaixonante –, não pode deixar de ser feita em todos os tempos. As respostas
podem ser variadas e até contraditórias, mas só uma é a certa, a resposta de
Pedro, a resposta esclarecida da fé, resposta que Jesus aprova: «Feliz de ti,
Simão» (v. 17). «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo» (v. 16):Messias é a
forma hebraica da palavra do texto original grego, Cristo, que quer dizer
ungido (os reis eram ungidos com azeite na cabeça ao serem investidos). Jesus é
o Rei (ungido) anunciado pelos Profetas e esperado pelo povo. Quando se diz
Jesus Cristo é como confessar a mesma fé de Pedro, reconhecer que Jesus é o
Cristo, isto é, o Messias, mas num sentido mais denso e profundo, a saber, o
Filho de Deus, num sentido que ultrapassa o corrente e que só o dom divino da
fé pode fazer descobrir, segundo as palavras de Jesus a Pedro: «Não foram a
carne e o sangue que te revelaram» (v. 17). A fé de Pedro, como a nossa, não
pode proceder dum mero raciocínio humano, da sagacidade natural, mas da luz, da
certeza e da firmeza, que procede da revelação de Deus. «A carne e o sangue» é
uma forma semítica de designar o homem enquanto ser débil e exposto ao erro e
ao pecado.
18 «Tu és Pedro». É significativo que o texto grego não
tenha conservado a palavra aramaica «kêphá», aliás usada noutras passagens do
N. T. sem ser traduzida, como é habitual com os patronímicos. Aqui o
evangelista teve o cuidado de usar o nome correntemente dado ao Apóstolo Simão:
Pedro. É expressivo o trocadilho, com efeito Pedro é a pedra sobre a qual
assenta a solidez de toda a Igreja do Senhor. Note-se que o apelido de Pedro =
Pedra não existia na época, nem em aramaico (Kêphá), nem em grego (Pétros), nem
em latim (Petrus), uma circunstância que reforça o seu significado e
originalidade. Além disso, este apelido também não era apto para caracterizar o
temperamento ou o carácter do Apóstolo, pois aquilo que distingue a sua
personalidade não é precisamente a dureza ou firmeza da pedra, mas antes a
debilidade, mobilidade e até inconstância (cf. Mt 14,28-31; 26,33-35.69-75; Gal
2,11-14). Se Jesus assim o chama, é em razão da função ou cargo em que há-de
investi-lo.
«Edificarei a minha Igreja». Jesus, ao dizer a minha,
significa que tem intenção de fundar algo de novo, uma nova comunidade de
Yahwéh. «Ekklêsía» é a tradução grega corrente dos LXX para a designação
hebraica da Comunidade de (qehal) Yahwéh, isto é, «o povo escolhido de Deus
reunido para o culto de Yahwéh» (cf. Dt 23,2-4.9). Não é, portanto, a Igreja
uma seita dentro do judaísmo, é uma realidade nova e independente. «Jesus pôde
dizer minha, porque Ele a salva, Ele a adquire com o seu sangue, Ele a convoca,
Ele realiza nela a presença divina, a aliança, o sacrifício». «As portas do
inferno não prevalecerão». Esta linguagem tipicamente bíblica (Is 38,10; Sab
16,13; cf. Job 38,17; Salm 9,14) é uma sinédoque com que se designa a parte
pelo todo. Inferno tanto pode designar a destruição e a morte (xeol=inferi=os
infernos), como Satanás e os poderes hostis a Deus. Também hoje não é difícil
ver como estes poderes hostis à verdadeira Igreja de Cristo mais uma vez se
assanharam contra o Papa…
19 «Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus». Os poderes
conferidos a Pedro não são para ele vir a exercer no Céu, mas aqui neste mundo,
onde a Igreja, o Reino de Deus em começo e em construção, tem de ser edificada.
No judaísmo e no Antigo Testamento (cf. Is 22,22), lidar com as chaves é uma
atribuição de quem representa o próprio dono, significa administrar a casa.
Ligar-desligar quer dizer tomar decisões com tal autoridade e poder supremo,
que serão consideradas válidas por Deus, «nos Céus». É de notar que Jesus diz a
todos os Apóstolos esta mesma frase (Mt 18,18), mas sem que seja tirada
qualquer força à autoridade suprema de Pedro, a quem é dado um especial poder
de «ligar e desligar» na Igreja, enquanto pedra fundamental e pastor supremo a
ser investido após a Ressurreição (Jo 21,15-17). Este primado de Pedro sobre
toda a Igreja – que hoje se designa por ministério petrino – não é conferido
apenas à pessoa de Pedro, mas a todos os seus sucessores; com efeito Jesus fala
a Pedro na qualidade de chefe duma edificação estável e perene, a Igreja; se o
edifício é perene também o será a pedra fundamental. Como recorda o Catecismo
da Igreja Católica, nº 882, «o Papa, Bispo de Roma e sucessor de S. Pedro, «é
princípio perpétuo e visível, e fundamento da unidade que liga, entre si, todos
os bispos com a multidão dos fiéis» (LG 23). Em virtude do seu cargo de vigário
de Cristo e pastor de toda a Igreja, o Pontífice romano tem sobre a mesma
Igreja um poder pleno, supremo e universal, que pode sempre livremente exercer»
(LG 22). Este é um dos pontos cruciais do diálogo ecumênico, que terá uma saída
feliz quando todos os que se consideram cristãos compreenderem que o carisma
petrino, por vontade de Cristo, é o indispensável instrumento de união e unidade
na legítima diversidade.
SUGESTÕES PARA A HOMILIA
1.
Tu és pedra
O evangelho de hoje relata-nos uma cena muito bonita de
Jesus com os apóstolos em Cesareia de Filipos, lá bem no norte de Israel. O
Senhor pergunta-lhes pela sua fé: – E vós quem dizeis que Eu sou?
S. Pedro responde com prontidão: – Tu és o Cristo, o Filho
de Deus vivo.
Jesus elogia a sua fé, que não é apenas um entusiasmo
humano. E diz-lhe: Também Eu te digo: Tu és pedra (Pedro) e sobre esta pedra
edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
A Igreja de Jesus é só uma. Está assente sobre os Apóstolos
e sobretudo sobre Pedro. A Igreja, povo novo fundado por Jesus, é um edifício
espiritual que tem por fundamento a Pedro e o seu sucessor, o Santo Padre.
Onde está Pedro aí está a Igreja – diziam os antigos com
Santo Ambrósio de Milão.
Devemos estar muito unidos ao Papa, escutando o que nos
ensina em nome de Jesus, obedecendo prontamente ao que ele nos manda, e rezando
por ele.
2.
Não prevalecerão
Cristo anuncia que o demónio fará guerra à Igreja mas
garante que não levará a melhor. A Igreja de Jesus tem sido perseguida desde o
princípio.
Logo que os Apóstolos começaram a anunciar o Evangelho,
depois da vinda do Espírito Santo, foram presos e maltratados pelos chefes dos
judeus.
No império romano bem cedo começaram as perseguições
violentas e elevado foi o número dos mártires. Mas apesar disso, o número de
cristãos ia aumentando cada vez mais. Tertuliano afirmava, por volta do ano
200: «Sangue de mártires é semente de cristãos».
Vieram depois as heresias, que podiam ter destruído a Igreja
a partir de dentro. Satanás não conseguiu afastá-la da doutrina recebida de
Jesus.
Ao longo dos séculos surgiram outros ataques à Esposa de
Cristo: cismas, heresias, escândalos de membros importantes da Igreja. No
século XX o comunismo causou o martírio de milhões de cristãos. Mais que nos
três primeiros séculos. A Igreja continua firme com o poder de Jesus e a força
do Espírito Santo.
Conta Chesterton, escritor inglês convertido à fé católica:
Um dia em Heliópolis, no Egipto, apareceu um mendigo
desgrenhado à porta do palácio do faraó, dizendo arrogante: – passa para cá os
teus tesouros.
O faraó olhou para ele com desprezo e disse aos seus
guardas: – prendei esse insolente.
O mendigo respondeu: – Eu sou mais forte do que tu. Eu sou o
tempo.
O mesmo bateu à porta doutros grandes impérios e repetiu-se
a mesma cena.
Apareceu um dia na Praça de S. Pedro, em Roma e encontrou-se
com um velhinho vestido de branco que lhe disse: – Benvindo, ó tempo. Eu sou
mais forte do que tu. Eu sou a eternidade.
Os impérios deste mundo são efémeros. A Igreja, apoiada
sobre Pedro e os seus sucessores, tem garantias de perenidade.
3.
A Igreja rezava insistentemente por
Pedro
O Santo Padre conta com a oração de todos os cristãos. Na
primeira leitura vemos como os cristãos de Jerusalém rezavam insistentemente
por Pedro, que Herodes tinha mandado prender. O Senhor libertou-o por meio do
Seu anjo.
Temos de estar muito unidos ao sucessor de Pedro rezando
todos os dias por ele. Para que Deus o defenda dos inimigos. Para que o encha
da Sua sabedoria e da Sua fortaleza. Assim amamos a Cristo e a Sua Igreja.
Nossa Senhora em Fátima falava aos pastorinhos do Santo
Padre que teria muito que sofrer e mostrava-lhes o bispo vestido de branco
atingido por tiros e setas.
Começaram a rezar pelo Santo Padre. A pequena Jacinta rezava
ainda mais, porque teve uma visão do Santo Padre em Roma ajoelhado a rezar e a
chorar, enquanto cá fora muitos o insultavam e ameaçavam. Nossa Senhora quis
assim animá-los e a nós também a apoiar com a nossa oração e sacrifícios o
sucessor de Pedro.
Fonte: Presbíteros
presbiteros.com.br/site/roteiro-homiletico-solenidade-de-sao-pedro-e-sao-paulo-ano-c/
Foto retirada da internet
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